sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

FALTA MUITO TPC POLÍTICO


Em complemento ao texto ontem aqui publicado, li a mensagem de hoje do secretário regional da Educação, dirigida aos jovens: desejamos "jovens activos, participativos, para que possam ter uma palavra a dizer na construção do futuro". Senhor Secretário Regional, importa-se de repetir? É que não podem existir jovens "activos e participativos" quando é o próprio sistema educativo que, desde início, coarcta tal meritório desígnio. O que hoje existe é a repetição de ontem, que por sua vez repetiu anteontem, é a existência de uma cadeia hierárquica de cega obediência que não possibilita, genericamente, é claro, ser activo, inovador, criativo e, por extensão, participativo. Nem por parte dos professores, muito menos por parte dos alunos. 


Tantas vezes o digo, no ensino básico, na idade das perguntas o sistema quer, apenas, as respostas do manual. O manual deixou de ser um meio para tornar-se em um fim. Por outro lado, tome-se consciência que este é um sistema heterónomo que não deixa muitas possibilidades para que a diferença organizacional e pedagógica faça o seu caminho e tenha êxito. A padronização e a centralização matam, repito, esse meritório desígnio. Portanto, aquelas são palavras ditas, no espaço do politicamente correcto, porém, sem um substrato que conduza à sua concretização. Quando manifestamos aquele desejo, obviamente, que temos de ser consequentes, eu diria, através do TPC (trabalho para casa) político que implica a reinvenção do sistema educativo. Ora, um sistema travestido de democrata, onde, lamentavelmente, impera a norma, a subserviência e o concomitante medo, obviamente que o cumprimento do programa, a sensação patológica da angústia (de professores e alunos) não permite o espaço necessário para uma formação estruturada nos princípios e nos valores que conduzem a seres activos e participativos. O sistema, por mais pinceladas de cor, assemelha-se a uma espiral cinzenta para dentro, não a uma espiral verde que parte do aluno (centro) para fora. Portanto, o sistema não liberta para a acção e para a participação, antes convida a entrar no rebanho da repetição e do histórico convencimento salazarista, assente no princípio que os jovens não precisam de pensar porque alguém pensa por eles. O problema é esse. Salvam-se alguns, como em todas as épocas e mesmo com os piores sistemas, a maioria, no entanto, fica pelo caminho na tal participação na "construção do futuro".
Ilustração: Google Imagens.

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