quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

"O ESTALEIRO DA EDUCAÇÃO"


Assinado pela leitora Pamela Santos li, no Correio da Madeira, um texto subordinado ao título "O estaleiro da Educação". Da sua leitura retive ser cada vez mais evidente que o actual secretário da Educação não consegue ter mão no sistema. Do que tenho lido, que se me afigura preocupante, conduz-me a várias perguntas: afinal, quem tem responsabilidades políticas na Educação? Quem manda naquilo? O secretário ou os quadros intermédios e assessores? Qual a verdadeira VOCAÇÃO e MISSÃO da secretaria? Que princípios e valores a orientam? Que políticas sustentam (se existem) os seus objectivos de curto, médio e longo prazo? Andarão, por ali, resquícios de um passado recente? O que leva a "perseguir" pessoas com processos disciplinares? Chega! A EDUCAÇÃO não é um brinquedo de entretenimento político. É o futuro e a sobrevivência da Região.


Vive-se um quadro que, se pensarmos no futuro, aproxima-se do dramático. Os silêncios, muitas vezes, são ensurdecedores. E é este o caso. Os problemas agudizam-se e a secretaria parece uma "casa dos segredos". O líder do governo vai dizendo umas coisas de circunstância, porém, longe de dominar o que se passa e, mais ainda, distante de uma orientação portadora de futuro. Não existe pensamento acerca do amanhã, apenas a rotina da burocracia que enxameia as mesas, desde o intocável centro de decisão até aos estabelecimentos de educação e ensino. Se antes era mau, agora parece-me péssimo. Não estou a escrever nada de novo. Apenas estou a trazer à colação textos publicados, sentimentos vindos a público, cartas-do-leitor, técnicos de valor que, subtilmente, vão-se distanciando, professores sobrecarregados e desanimados, promessas não cumpridas, sindicatos críticos, manifestações de pais e de alunos à porta da escola, ausência de financiamento, indisciplina por desfazamentos familiares a montante, mas também porque a escola não está pensada para as novas gerações, e, perante tudo isto, o silêncio, como se nada estivesse a acontecer. Como se o Mundo tivesse parado, já não digo há 200 anos, mas há vinte ou dez anos. Como se algumas mexidas nas margens fossem suficientes para resolver as questões nucleares. Aquela carta, entre outras, evidencia a existência de uma tetraplegia governamental que bloqueia movimentos, demonstra uma estrutura conceptualmente estática, porque não desafia, não gosta de enfrentar o risco, que disserta no sentido dos outros saírem do tal paleio da "zona de conforto", mas que se refastela, comodamente, no sofá dos gabinetes. A Educação deve ser engenho, arte, cultura, inclusão, provocação, participação, crítica, responsabilidade, inovação, criatividade, curiosidade, pensamento, experiência, vivência e partilha, justiça, solidariedade, valores, autonomia, tecnologia e, entre tantas palavras que podemos juntar, deve ser democracia e liberdade. A Educação não é, não pode confinar-se a um edifício, currículos, programas, turmas, aula, testes, avaliação, exclusão vs meritocracia, burocracia, conflitos, uniformização, centralização, mercado, estatísticas e prática pedagógica heterónoma. A Educação é muito mais do que isto. É, por isto e muito mais que surgem textos como "O estaleiro da Educação".
Ilustração: Google Imagens.

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